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sábado, abril 27, 2013

Um conto de um encontro



Era uma sexta-feira de outono comum, naquela cidade litorânea movimentada, com um céu coberto de nuvens branquinhas, um ventinho frio que fazia recolher as mãos no bolso do shortinho jeans de cintura alta rasgado. Acho que é esse prédio amarelo amiga. - apontando para uma faixada florida. Promete me ligar? se não eu fico preocupada. - Parou o carro e, frente do prédio olhando para a o par de olhos ansiosos. Está tudo bem amiga, eu ligo pra você me buscar, não se preocupe! - Deu um beijo na testa da carioca mulata, e desceu. 
A moça estava ali no Rio de Janeiro pela primeira vez, era totalmente atraente aquele agito, o sol batendo no rosto, e os enormes prédios da vida corriqueira dos cariocas, seu nome era Candy, finalmente conseguira férias do trabalho, passaria algumas semanas na cidade maravilhosa com sua amiga, e esta era uma boa oportunidade de visitar seu amigo. Não foi difícil conseguir seu endereço, conseguiu com a melhor amiga dele, afinal, era uma surpresa.

Chegando perto do prédio, diminuiu os passos para acalmar-se, estava muito nervosa, e seu rosto pálido já começava a corar pela timidez, resolveu dar uma volta pelo quarteirão para espantar o nervoso, até criar coragem de bater na porta. Sentou num banco para se acalmar, as pernas já começavam a ficar bamba, logo em frente havia uma floricultura, uma senhorinha fazia um arranjo de rosas amarela. Posso ajudar? - Sorriu a senhorinha. Oi, na verdade eu... - coçou a cabeça. Ela riu e balançou a cabeça. Pelo seu olhar está apreensiva, certo?. Um pouco talvez. - Olhando para os girassol. É amor?. Não, na verdade é a primeira vez que eu venho aqui, não conheço muita coisa, por isso a minha inquietação. - Mentiu e prendeu os cabelos. Ora, por quê não leva esses girassol à ele? Não há quem não se encante!. Tudo bem, eu vou levar. A senhora com as mãos tremulas pegou um punhado das flores, embrulhou, e passou uma fita azul marinho. Quer escrever algo no cartão à ele?. Ro... - Automaticamente. Ro?. Romeu, digo. 

Agora Candy estava para em frente a porta, ap. 18. Os pés colados um ao outro, inquietos, as mãos tremulas quase não conseguia segurar as flores, respirou, deu 3 batidas leve na porta, e passou a mão no cabelo. Já vai. Engoliu o seco, e tomou coragem. Em frascos de segundo ouviu os passos dele se aproximar, e a maçaneta da porta girar. Ela agora estava frente à frente de Romou, ficaram paralisados, sorrindo, ele imóvel, Candy resolveu quebrar o silêncio. Ei me dê um abraço, sou eu poxa. - Gaguejou entre uma palavra e outra, e enlaçou num abraço apertado.  E ficaram em silêncio, como se a falta de palavras explicasse os sentimentos. Então, eu posso entrar?. É claro, me desculpe! Por favor, por aqui. - arrumando as almofadas no sofá. No caminho vi esses girassol e achei a sua cara. São lindas Candy, muito obrigada, na verdade estou surpreso com sua visita. Senti vontade de você, e como estava de férias com a minha amiga, resolvi passar por aqui. Lindo apartamento! Espere um minuto, vou buscar um café. Romeu se foi entre os corredores, enquanto isso ela passava os olhos sobre a estante, estava limpa, porem os livros desorganizados, alguns empilhados, junto com extratos de conta, conta de água, uma poesia escrita num guardanapo. Uma fotografia tirada na praia, uma dando de atleta, balada com algumas mulheres, uma criança, mas uma chamou a sua atenção uma fotografia de pés feminino com as unhas pintada de vermelho, com uma frase escrito no verso em francês, antes que terminasse de ler Romeu aparece com duas xícaras de café. Quem é essa moça abraçado com você Romeu?. Minha ex esposa. - tomou um gole de café. Muito bonita ela. - arqueou as sobrancelhas. Ela é mesmo, um doce. Mas, não deu muito certo sabe?. Onde se conheceram? Num café em Paraty, entre troca de olhares trocamos número de celular, foi tudo perfeito até nos casarmos, com 8 meses fiz milhares de contas pra pagar o noivado - riu - foi engraçado sabe? Ela dava piti por absolutamente tudo, ela queria que o cachorra dela entrasse com as alianças, dito e feito. Ela parece mesmo exigente. - balançou a cabeça. Sim, e muito! Mas não deu nada certo, brigávamos por tudo, os pais dela queriam dinheiro, e implicavam muito com meu romance, espero à 4 meses por resposta. A burguesinha me aturou por 3 anos, até ela conhecer um tal Marcelo pelo qual se apaixonou, dei graças à Deus, espero que dê certo, ela é uma pessoa bacana, só não tinha nada haver comigo. Ficaram em silêncio novamente, ele olhou pra ela, sem que perceba tentou toca-la, mas retraiu as mãos inquietas, ela virou-se no mesmo instante e sorriu, Romeu beijou as bochechas, e Candy sentiu a barba por fazer roçar seu rosto, fechou os olhos por um instante, ele sussurrou algo no ouvido, e arrepiou-se. Vamos fazer algo para comer? - Balançou a cabeça.

Na cozinha Romeu preparava um arroz, enquanto isso. E você Candy, o que aconteceu nesse tempo todo em que perdemos o contato? - fatiando alguns legumes para salada. Muitas coisas, acabei apostando na minha escrita, as meias palavras tortas me levaram á uma entrevista que quase não deu certo. - riu. Como assim Candy?. Foi uma situação engraçada, era setembro, bem você sabe como[...] - o relógio tiquetaqueava, e passavam-se as horas, suas história embaraçosas, mirabolantes, relembraram também quando se conheceram pela internet, onde nunca lhe faltaram assunto. [...] Candy você pode me ajudar com o peixe? - sem hesitar, levantou e tomou posse nas panelas. Entre um "me passe o tomate", "pega a faca pra mim?" os ombros e cotovelos se roçavam, mesmo quietos ela notava seus gestos, a habilidade em fatiar legumes, o arrumar de óculos. Ele também a notava, decorava a silhueta dela até perceber e ficar sem graça. O jantar já estava pronto, eles prepararam tudo com muito carinho, a comida estava deliciosa. Ambos decoravam os gestos um do outro, as covinhas que se formavam em um sorriso amarelo, o jeito que colocava o cabelo atrás da orelha, ou mesmo quando lambia os lábio inferior, uma vez ou outra as pernas se encontravam debaixo da mesa. Um dia inteiro de olhares, de vontade. Poxa, que horas são? Minha amiga já deve estar preocupada! - apressou. Não espere, ligue à ela, e diga que vai passar a noite aqui. Não, por favor, não precisa se incomodar! Preciso mesmo ir. Por favor. - pegou nas mãos dela, e ela ligou pra amiga olhando nos olhos dele. 

Bom, você pode dormir no meu quarto, eu posso dormir no colchão se quiser, ou aqui na sala mesmo. - pegando as cobertas. Candy tomou o último gole do vinho, e disse. Sem problemas Ro, eu durmo aqui na sala mesmo, se você não se importar. Romeu limpou o vinho no canto da boca. Você não quer mesmo dormir no meu quarto?. Está tudo bem aqui, não se preocupe. Então eu vou me deitar, se você precisar de algo você me chame por favor, quero que sinta-se a vontade.
Apagou as luzes, e passou meia hora, os olhos não pregavam, e ele foi até ela. Ro?. Oi, é, vim dar boa noite, eu esqueci, te acordei?. Não, eu estava acordada, vem aqui. Aqui não é muito confortável, não é?. Ela sorriu, e abraçou, e se envolveu na cobertas ao lado dela. Encaram-se por longos minutos, a tentativa de fingir que estava dormindo era motivo de risos. Ele pousou os olhos em cima do dela, a barba perto do seu queixo, beijaram-se, perdeu as mãos entre os corpos febril, a respiração ofegante, ela achava maior graça no sotaque carioca dele, e sempre ria sem ele perceber, os risos se misturaram debaixo das cobertas findou num passei no espaço sem data e hora marcada.

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