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sábado, maio 05, 2012

Do alto do morro dos ventos uivantes


Era Janeiro de 1850, o céu estava realmente claro, as estrelas brilhavam mais do que seus próprios olhos, tinha um doce encanto, dona de uma beleza que jamais mencionara...Bom, sua avó era realmente muito bonita Jean... gostava muito de ler durante essas noitadas, passava horas a admirar o luar....

_Como ela era? Assim papai...fisicamente. Ela tinha olhos de pitanga como os meus papai? - questionava de olhos atentos, querendo uma resposta imediata.

O rapaz que ali permanecera sentado no quintal, que alias chovia muito, murmurou para o pequeno ansioso:

_Deixe me contar meu caro...- Pôs suas mãos sobre seus cabelos, e voltou a contar. - Tinha lindos cabelos cacheados, pele muito branca, muito pálida, que combinava com seus lábios corados. Porém...Candy mal sorria, eram algo raro estar feliz, principalmente naquela época. Seus pais haviam se partido havia pouco tempo, seus romances não muito duradouros na época, sempre a fizera sofrer, porém...algo nela estaria a reascender, as chamas de seu coração estava prestes a queimar-se de paixão, mal sabia ela desta intensidade.

"Porque tudo volta-se contra mim?" - berrava Candy, de um quarto mal iluminado, onde passava suas noitadas sob telas a serem coloridas, poemas e história de amores que jamais sentira, mas que sabia dignamente como era intenso um amor. De longe, bem longe, um jovem rapaz a observava, ele sentia-se admirado, e angustiado ao mesmo tempo ao ver seu sofrimento. Ele trajava elegantemente uma calça com um suspensório, camisa amassada branca, e uma boina velha antiga. Ele queria aproximar-se dela, sentia vontade de abraça-la, de dar um conforto, de chamar para ver o céu, e que céu! Estava realmente magnifico.

Candy rasgava seus poemas empoeirados, estava cansada dos amores que jamais sentira, cansada da ilusão, cansada de procurar algo que nem mesmo ela sabia o que. Ele se aproximou, pegando em seus braços, sorrindo, tentando impedi-la de quebrar o vaso de flores já murchas, que ela mesmo confeccionara. Ficou assustada, ao mesmo tempo não pode acreditar com era lindo, como era sutil, calmo...tentando passar tranquilidade para a moça. Suspirou ela, e acalmou-se, andou pelo menos umas duas vezes em volta dele, ela adorava dar voltas em volta das pessoa, analisava com a mãos no queixo, e ele confuso, envolveu-se seus braços nela, e ela pois se a chorar suspirando.

_O rapaz é meu avó papai, é papai? - o garotinho que ouvia atentamente a historia, deu um pulo da cadeira, não podia esconder como estava ansioso pra saber logo o final disso tudo.

Seu pai, que ali narrava, olhou pra cima, tentando não deixar lágrimas cair, e afirmou com a cabeça. O garotinho ajeitou-se na cadeira, e voltou a ouvir a história.

Naquela noite meu jovem, Candy sentiu-se seu coração reacender as chamas da paixão, do desejo, e da alegria, ao mesmo tempo. Ele estava disposto a proporciona-la o lado mais belo da vida, o que ela desconhecia. Despertava sensações e desejos, junto com seus sorrisos bobos, passaram a noite toda, alegres, sob o manto prateado da lua, no alto de uma montanha, que os dois naquele dia haviam batizado como "O morro dos ventos uivantes", acreditava o jovem rapaz, que os ventos que ali vagava, trazia junto ao seu uivado respostas e questões para pensar e repensar. Ele abraçou Candy por trás, apontado acima, o contorno da lua, ela se apaixonava a maneira que o mesmo descrevia o encanto do luar, ela abraçou apertando o jovem contra si, e tocou seus lábios, a noite estava fria, porém o envolvimento os aquecia, cujo os dois estavam com febre de paixão. Naquele dia...o universo conspirava ao favor daqueles jovens.

Depois daquele dia, passaram a se amar todos os dias, beijavam-se, sentiam febre de amor, se envolviam, conversavam, de noite observavam as estrelas, e sob o luar se amavam intensamente, dia apos dia, cada vez mais e mais, até a alegria de estarem juntos não caber mais no peito. Fizeram promessas, de nunca desacreditar no amor, aquele amor que haviam descoberto desde a primeira vez que trocaram beijos ardente, planejavamviajar ao mundo a fora, e fazer descobertas. O jovem rapaz gostava muito de cozinhar, preparava fornadas de pães de queijo, acompanhado de café...o aroma dominava o ar nos finais de tarde, e ela escrevia, poetizava, ensinava ele a pintar em telas, e assim o mesmo se apaixonou. Nos campos floridos, dente-de-leão Candy colhia, e assoprava, desejando estar sempre juntos, unidos, como as pétalas de Lotus, como o vento e os uivos do mesmo, como jovens amantes.

Após algum tempo, Candy recebera uma proposta de trabalho irrecusável, iria trabalhar num jornal, onde teria a oportunidade de publicar seu livro de poemas, ela enchia seus olhos de esperança de ter seu trabalho reconhecido, de conhecer realmente a vida, encarar o publico, e radiava seu sorriso ao imaginar como seria magnifico se ela fosse. O jovem ficou extremamente feliz com a notícia, porém estava ciente de que iria deixar o grande amor da sua vida partir para o mundo a fora, e ardia-se de medo de ela se esquecer da magia que encontrava naquele morro, medo dela se esquecer de si, medo de ela desamar, entre todos outros medos que doíam no peito. Ele não queria parecer egoísta, no entanto nem questionara a distancia, acreditava ele, que o amor que estava presente nos corações jamais os deixariam levar por causa da distância, então...ele deixara partir.

_Feche os olhos e eu irei te beijar. Amanhã sentirei saudades de você, lembre-se que eu sempre serei verdadeiro, e enquanto eu estiver fora escreverei para casa todo dia, e mandarei todo meu amor pra você. (trecho da música All my Loving - The Beatles) - disse ele, se contendo.

Ela beijou, acenou, e tomou o trem das 11h. deixando para trás lembranças, sonhos que construirá ao seu lado, e o sentimento ao sentir os uivos do morro. Ele a esperaria, seja lá qual seria o tempo, o indeterminado, ele estaria lá.

Após dois anos, sem ela, sentia-se sozinho, mais esperançoso, feliz em saber que tudo estava dando certo para Candy, mais doía ardentemente em seu peito, ao imaginar que alguém pudera roubar abraços de sua amada. Mas levava a vida, ele encontrou algumas garotas em seu caminho, mais jamais nenhuma garota fizera balançar seu coração como Candy, e ele a esperaria.

Mais tempo ainda havia se passado, ele recebia algumas cartas de Candy, dizendo o quão estava feliz, e ele se contentava, sentia vontade de correr atrás dela, sentia um aperto no coração, as lágrimas corriam de seus olhos, ele escrevia para ela também, porem com o passar do tempo sentia suas mãos cansadas, com a memória fraca, angustiado, e totalmente dominado pela saudade. Ele adoeceu, e veio falecer a sua espera, com o amor em seus olhos descansados, antes de partir, gravou seus nomes na cadeira de balanço, deixara as cartas em cima da mesinha, acompanhado de uma bela xícara de café, pois quando ela voltasse tudo estava como havia deixado ela.

Ela voltou...

porem, tarde demais, o tempo passara, e ela sentiu-se angustiada por não encontra-lo naquele momento. Sentou na cadeira de balanço, leu e releu as cartas, com as mãos tremulas, lágrimas no rosto enrugado, chorou, como nunca pudesse vê-lo. Seu filho a viu naquele momento, agachou sobre ela, de joelhos no chão, ela sorriu olhando para a porta, e a porta fechou-se, Candy so pudera partir ao ver as cartas, e o último sorriso dele. Ela ali partiu, após sentir o espírito dele, ela estava pronta para reencontra-lo, e só assim estaria em paz.

_E esta foi a história de meus pais Jean. Apesar de não ter conhecido meu pai na época, sei que foi um grande homem, quem me inspirou desde sempre, mamãe falava muito dele. - o homem sorriu com os olhos brilhando, beijou a testa do garotinho, e pois a dormir, apagando o abajur.

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